Minha avó Maria tinha um jeito gratuito de
amar. Não era um amor baseado em trocas ou vantagens. Não buscava no outro uma
fonte de orgulho ou prêmio. Para ser amada eu não precisava ser a mais bonita,
a mais inteligente, a conversa mais interessante... não precisava ter ganho troféus
ou medalhas, não precisava arrumar a casa ou apresentar o trabalho mais bonito.
Eu só precisava ser eu. Ela não me oferecia amor como paga de bom
comportamento. Ela não pedia nada. Seu amor era de graça. Cuidava de mim antes
mesmo de eu pedir. Nunca estudou psicologia mas sabia exatamente o
sentido único dos verbos cuidar e educar. Ela nunca passava sermão. Na maioria
das vezes em que estávamos juntas ela contava histórias sobre o seu passado. Ou
falava das novelas. (Eu acho que vem daí a minha paixão pelas narrativas) Ela
sabia o valor do exemplo. E apesar de não frequentar igrejas ela vivia o
evangelho, sabia que o amor de Deus é assim como o dela: nunca cobra nem exige
nada, simplesmente ama.