segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Vaga-lumes da esperança

No cinema com a prole e o marido me pego emocionada não somente com o filme, mas com a família ao lado, cujos filhos tinham em média dois e três anos. A mãe fazia cinema com audiodescrição. Não que as crianças fossem cegas, mas ela engendrava um descrever afetivo, bem mais do que um simples traduzir de expressões ou inferências que as crianças fossem incapazes de fazer, mais do que uma diluição de conteúdo... A mãe adornava as palavras com toques e voz suaves... tentando responder as perguntinhas fofas sem muito rodeios, costurando com sentimentos e acontecimentos que julgava familiares aos seus rebentos. Em tempos de falta de tempo, de falta de paciência,  imediatismo e indiferença, uma doce e leve fagulha de luz. Assim como no filme, quando o pai dinossauro girava a cauda para acender os vaga-lumes escondidos na grama, aquela mãe acordou a curiosidade, os sorrisos e afetos de seus pequenos naquela tarde. Em mim ela despertou não só as lágrimas, mas acendeu os verdes vaga-lumes da esperança. E de repente, na sala escura, fez-se a luz.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Boca da noite

Ela me lembra de ler os jornais, mesmo no tempo em que eles não são mais de papel. Me liga às altas da noite -seu nome-  para que eu assista pessoas inteligentes falando, pessoas sensíveis falando e se ressente dura se não me dei o trabalho de trocar o canal. Me assopra no ouvido a fala reprimida como que eu nem soubesse falar mas eu gosto. Gosto quando me recorta as crônicas que eu preciso ou gostaria de ler. Ela me lembra de terminar o que comecei, sejam aulas de violão, bolos de batedeira que nunca acerto fazer, curso de inglês ou louças queimando na pia. Nunca me jogou ladeira abaixo para que eu aprendesse a andar de bicicleta. Agradeço por isso. Eu morreria. Publicou todos os meus sonhos, medos, penúrias e gozos, mas sem me cortar os pronomes. Quando acordei não tinha mais roupas, máscaras ou botas de chuva, nem sombrinhas ou óculos. Estava nua em pelo, como vim ao mundo.  Pelos braços de quem mais? Dela, da boca da noite que me calava as entranhas em criança. Agora eu falo demais. Desaprender a gente começa todo dia quando não obedece.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

PONTO

Tenho meus dias
de ponto.
Ponto final.
Aqueles dias
em que a linha
em branco
é a melhor solução.
Dias de tinta zero
e buracos negros.
Meus leitores
não precisarão fazer inferências
antecipações
ou coisas do gênero.
Pois não haverá gênero.
Papos polêmicos.
Discussão de teses alheias.
Não será necessário.
Nunca é.
Resta saber porque usei tantas palavras
para dizer tanto
sobre nada.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

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