segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Vaga-lumes da esperança

No cinema com a prole e o marido me pego emocionada não somente com o filme, mas com a família ao lado, cujos filhos tinham em média dois e três anos. A mãe fazia cinema com audiodescrição. Não que as crianças fossem cegas, mas ela engendrava um descrever afetivo, bem mais do que um simples traduzir de expressões ou inferências que as crianças fossem incapazes de fazer, mais do que uma diluição de conteúdo... A mãe adornava as palavras com toques e voz suaves... tentando responder as perguntinhas fofas sem muito rodeios, costurando com sentimentos e acontecimentos que julgava familiares aos seus rebentos. Em tempos de falta de tempo, de falta de paciência,  imediatismo e indiferença, uma doce e leve fagulha de luz. Assim como no filme, quando o pai dinossauro girava a cauda para acender os vaga-lumes escondidos na grama, aquela mãe acordou a curiosidade, os sorrisos e afetos de seus pequenos naquela tarde. Em mim ela despertou não só as lágrimas, mas acendeu os verdes vaga-lumes da esperança. E de repente, na sala escura, fez-se a luz.