Para Luciana Prietos, guerreira e inspiração
Chove no coração dela e nem tive
tempo de dizer que no meu também. Estive ocupada com as contas compras exames e
outras tantas coisas que me roubam o tempo. O tempo de beber suas palavras ou
de enxugar seu suor gelado. Escuto as linhas que ela escreve. Meio como valsa
fúnebre (existe isso?). As palavras me descem a garganta queimando tudo. Eu só
precisava levá-la para casa e mostrar que eu não fui embora. Que permaneço
firme nas intempéries. Rocha dura recebendo aberta o carinho da água do mar.
Está salgada, eu sei. Talvez ela queira saber das vezes em que engoli
água também. O gosto não foi nada bom. E a sensação de faltar o ar? De estar
solto, sem lugar para pisar... Mas eu mal pude dizer que sua presença me
encanta. Que me encanto do mesmo jeito desde o primeiro dia. Assim como no
primeiro dia. Será que ainda posso colocá-la no colo? Ela ainda me cabe nos braços? As palavras os
gestos e as asas me fogem e já não consigo trazê-la como antigamente. Trazê-la para
perto. Espalhar o xampu no seu cabelo fino e escutá-la reclamar dos olhos
ardidos. Eu tenho muitos compromissos, excesso de papéis louças e varais. Não
me sobrou o minuto que falta para olhá-la do jeito mais piegas do mundo: o
jeito que ela espera que eu olhe: sem maquiagem, sem luvas ou Photoshop: de
verdade. Mostrando- de perto- minha nítida carcaça, a parte mais crua de
mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário